terça-feira, 12 de abril de 2011

FILOSOFIA & ECOLOGIA

A filosofia surge da tentativa do homem de entender-se a si mesmo, ao outro e ao mundo. Por força de seu caráter de indagação radical, ela busca a fundo o sentido de todas as coisas, e não aceitando respostas meramente subjetivas (opiniões) desempenha um papel de caráter reflexivo sobre os dados da realidade em que é produzida. Nesse sentido ela está enraizada no contexto histórico em que é produzida. Essa historicidade leva o homem a se fazer agente de sua própria participação no mundo, marcado por uma série de situações meramente necessárias a sua sobrevivência: trabalho, formação educacional, convivência mutua e um profundo sentimento de esperança. Nos perguntamos sobre a relação entre a filosofia e os fatos que aferem ao homem dificuldades de construção de uma existência plausível. Um dos grandes problemas que hoje em dia não se pode mais ignorar é a questão ecológica. Ela se tornou uma questão central para a humanidade. A própria concepção da questão ecológica está se desenvolvendo: de uma conversa de defesa da natureza para uma concepção de unidade profunda do fenômeno vida. Para Descarte em seu tempo, a questão ecológica na sua forma moderna é desconhecida. As preocupações diante da natureza foram outras. A natureza era considerada um fenômeno que devia servir ao homem na sua luta pela sobrevivência, uma força com que era necessário conviver. Ele nós deu grandes contribuições sobre a esquematização da ciência e organização metódica de pensamento. Nossa finalidade é apresentar a relação do homem com o que vem a ser o mundo físico, com sua problemática ecológica, pautada por uma visão filosófica cartesiana. Assumiremos uma postura de resgate das aulas ministradas pelo Professor Grenn e dos principais comentários feito em sala de aulas, levando-se em conta mais a um relato de atividade que propriamente de um trabalho puramente cientifico. I. O PRINCIPAL PROBLEMA DO HOMEM MODERNO. No meio de tantos desafios que o homem moderno enfrenta, a crise ecológica é sem dúvida uma das que mais preocupa a humanidade - ou ao menos devia preocupar. Talvez seja o mais grave entre tantos problemas que perturbam o mundo atual, mais alarmante, por exemplo, do que desafios no campo político, e mesmo mais do que o terrorismo, cujas raízes e manifestações podem - ao menos segundo Bush - ser erradicadas, porque são temporários e dependem de uma ideologia, enquanto a questão ecológica está alinhada à própria essência do homem. Neste sentido, o homem deve se precaver e não se desdobrar em vícios, mas ser esperançoso, como afirma René Descartes no inicio da primeira parte do Discurso do Método: “... não basta ter o espírito bom, mas o principal é aplicá-lo bem. As maiores almas são capazes dos maiores vícios, assim como das maiores virtudes; e aqueles que só caminham muito lentamente podem avançar muito mais, se sempre seguirem o caminho certo, do que aqueles que correm e deles se afastam.” Descartes nos fala de alguma forma, de “senso” ou “razão”, pautada por uma definição prática, que leva o homem a uma relação amigável, com o seu próprio destino de “ser pensante”. O problema ecológico está, assim parece, ligado ao próprio processo de adaptação do homem ao mundo em que vive e a sua maneira de pensar. Onde quer que esteja, e qualquer que seja o momento histórico, o homem, no processo vital de sua sobrevivência, modela o mundo às suas necessidades, aos seus sonhos - ou devemos dizer: aos seus caprichos. Nesta atividade usa e abusa, aproveita e elimina, integra ou desintegra o que lhe aparece no caminho . Incorre em vícios que o reduz a meros animais. Ele se distância do caminho certo e renega sua própria condição Cartesiana do ”penso logo existo” . Pensar é como afirma Descartes; um projeto para se chegar a uma “certeza” ou a uma “duvida” . Não há como negar que o homem busca melhores condições de vida, algo que o projete mais longe, que o faça ser virtuoso e sábio na tomada de decisão. Suas certezas se submetem ao PATHOS (amor e morte), guiado pelas ordens da PHYSIS (natureza) . A procura humana esbarra nas riquezas de possibilidades. “Para que sua reprodução aconteça, se faz necessários grandes estragos ao meio ambiente. Ele mata milhões e milhões de espécies”. Nosso tempo moderno encontra-se, em conseqüência dessa procura, necessária em si, num momento crítico: o processo de adaptação desandou num processo de irracional dominação e exploração, num estado de caos ecológico, que leva como que naturalmente a um caos de relacionamentos humanos, cujos sinais estamos vendo ao nosso redor e cujas conseqüências estamos sentindo cada dia mais (Oliveira, 1977,77-78). Tudo gira, então, em torno da forma concreta da relação Homem-Mundo ou Homem-Realidade. Enquanto o homem antigo se defendia contra a natureza, o homem moderno, pelo contrário, ..." pode se dizer que só se interessa pela realidade à medida que aquilo que é pode ser posta à sua disposição" (Oliveira, 1977, 74). Vivemos num momento de um utilitarismo generalizado do mundo que nos rodeia, nos esquecendo que este possui um valor intrínseco e vital. Afinal estamos diante de uma "funcionalização universal". . Diante dos estragos que a assim chamada "razão instrumental" da modernidade já causou e continua causando, estão se esboçando, cada vez mais, com maior intensidade, fortes reações. Movimentos de defesa do meio ambiente continuam a surgir e concomitantemente fortifica-se uma consciência mundial não somente no sentido de que algo deve ser feito, mas, sobretudo que se precisa de um novo posicionamento, uma nova atitude diante do mundo em sua totalidade e da natureza em especial. Parece, embora ainda de forma tímida, que o homem moderno começa a se dar conta que não pode se considerar e se comportar como o senhor absoluto do mundo, mas que é um dependente, um eterno necessitado das coisas da natureza, sem a qual a vida humana na terra tornar-se-ia absolutamente impossível. Essa visão de dependência parece, aliás, apontar para uma outra realidade, explorada entre outros por Leonardo Boff na sua atual fase, que acentua a profunda dimensão do fenômeno da vida e a interdependência de todas as suas manifestações. Neste sentido cresce a convicção que a vida como um todo corre perigo quando alguma de suas formas, por insignificante que possam parecer, é ameaçada com extinção ou boicotada na sua natural manifestação.

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